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Assinalou-se a 1 de agosto o Dia Mundial do Cancro do Pulmão. Anualmente são diagnosticados cerca de quatro mil novos casos em Portugal e mais de dois milhões em todo o mundo deste tipo de cancro, sendo aquele que apresenta um maior nível de mortalidade.
 
O facto de a maioria dos casos de cancro de pulmão serem diagnosticados tardiamente explica o seu mau prognóstico e as elevadas taxas de mortalidade. No entanto, nas últimas décadas, temos assistido a uma evolução ao nível do seu tratamento.  “Embora no cancro do pulmão precoce as técnicas de diagnóstico e terapêutica cirúrgica se tenham desenvolvido muito permitindo alargar o número de doentes elegíveis para cirurgia, é ao nível do cancro avançado que se fizeram sentir os desenvolvimentos mais marcantes. Até há pouco tempo, o único tratamento disponível era a quimioterapia. Nos últimos anos foi possível, num número importante de tumores, identificar mutações/fusões genéticas no ADN dos tumores, driver mutations, que controlam o desenvolvimento desses tumores e bloqueá-las, obtendo excelentes resultados terapêuticos. Este tipo de mecanismo oncogénico é especialmente frequente em não fumadores. Por outro lado, o desenvolvimento recente da imuno-oncologia tem alterado de forma marcante os resultados terapêuticos do cancro do pulmão. Estes tratamentos atuam ativando o sistema imunitário do doente, desta forma, o próprio sistema imunitário ativado vai destruir e controlar o tumor. Embora nem todos os doentes beneficiem e mesmo que isso aconteça, não seja para sempre, os resultados são muito melhores que os obtidos com os tratamentos tradicionais”, esclarece o Prof. Doutor Venceslau Hespanhol, pneumologista do Hospital de São João e representante da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
 
No que diz respeito à prevenção primária do cancro do pulmão, “o tabaco é, de longe, o fator de risco mais importante no desenvolvimento desta doença, no entanto, outros fatores como o rádon, as fibras de amianto e poluição ambiental, também podem ter um papel relevante“, afirma o médico pneumologista. Apesar destes outros fatores, “em 80% dos casos de cancro de pulmão existe história de exposição ao tabaco. É fundamental, para a prevenção deste tipo de cancro, a redução do consumo ou da exposição ao tabaco”, reforça o Prof. Doutor Venceslau Hespanhol. “Quando se fala de consumo de tabaco não se fala apenas de cigarros mas também das novas formas de consumo como o cigarro eletrónico, o tabaco aquecido e, mais recentemente, o Juul. Estas novas formas de tabaco também são causa de doença e são, muitas vezes, o primeiro passo para o consumo de cigarros convencionais”, acrescenta a Dr.ª Cristina Matos, representante da Comissão de Trabalho de Pneumologia Oncológica da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
 
Numa altura em que o consumo dos produtos de tabaco voltou a ser atraente para os jovens, levando a um aumento da taxa de novos fumadores, sobretudo na população estudantil, as estratégias de prevenção primária passam também por “campanhas dirigidas sobretudo a estes grupos etários, de forma a evitar o início do consumo e a vontade de experimentar. É igualmente necessária a  implementação e desenvolvimento de Consultas de Apoio Intensivo aos Fumadores tanto nos Cuidados Primários de Saúde como nos Hospitais”, complementa a Dr.ª Margarida Felizardo, também representante da Comissão de Trabalho de Pneumologia Oncológica da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Rastreio já é uma realidade em alguns países
Devido ao diagnóstico geralmente tardio a implementação de um rastreio eficaz que permita a identificação precoce deste tipo de cancro é algo há muito pretendido. O Prof. Doutor Venceslau Hespanhol assegura que “o rastreio do cancro do pulmão é uma realidade já em alguns países, como os EUA. Na Europa ainda não está implementado de uma maneira abrangente, aguardando-se para breve os resultados de custo-eficiência. Relativamente à eficácia, o valor do rastreio de cancro do pulmão não é atualmente questionável após dois grandes estudos de rastreio - um nos EUA e outro na Europa - terem demonstrado uma redução muito significativa da mortalidade por este cancro. Para além do impacto na mortalidade, o rastreio do cancro do pulmão permitiu aprender como lidar com nódulos que acidentalmente se identificam nos pulmões. Podemos concluir que os resultados da aplicação da metodologia de diagnóstico, vigilância e tratamento utilizada no rastreio permitiu aumentar muito as expectativas de cura”.

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