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junho 2020

Comentários do Dr. João Cravo – Pneumologista, CHBV

Estudo: "Serum amyloid A is a biomarker of severe coronavirus disease and poor prognosis", Li H, Xiang X, Ren H et. al. , Journal of Infection

Comentário: Neste artigo foi avaliado o potencial da proteína amiloide sérica A (SAA) na avaliação da gravidade e prognóstico da COVID-19. Os autores oriundos da cidade chinesa de Wuhan, primeiro grande foco desta pandemia, observaram que doentes com COVID-19 apresentaram elevações significativas os níveis de SAA e proteína C reativa e, à medida que a doença progredia para formas mais graves, os valores de SAA e a PCR aumentavam gradualmente. Esta relação não foi encontrada para outros parâmetros avaliados, como por exemplo os leucócitos. De acordo com os dados obtidos, indivíduos que apresentaram SAA com tendência de queda consistente durante o curso da doença apresentaram melhor prognóstico, em comparação com os pacientes cujo nível de SAA aumentou continuadamente. O nível inicial do SAA estava ainda correlacionado positivamente com as alterações imagiológicas encontradas nas imagens obtidas nas TAC do tórax.

Os autores concluíram que o SAA pode ser ter um papel valioso no diagnóstico e controlo da COVID-19.


Radiology

Estudo: "Time course of lung changes at chest CT during recovery from coronavirus disease 2019 (COVID-19)", Pan F, Ye T, Sun P et al.

Comentário: Neste artigo os autores realizaram em 21 indivíduos com COVID-19 uma avaliação evolutiva das alterações imagiológicas da doença em TAC do tórax desde a altura do diagnóstico até à cura e recuperação.

De acordo com a informação obtida e com a evolução temporal da doença foram definidos quatro estágios. As tomografias obtidas no estágio 1 (0-4 dias) mostraram opacidades em vidro despolido; no estágio 2 (5-8 dias) era evidente um aumento na presença de padrão de crazy paving; o estágio 3 (9-13 dias) apresentava essencialmente consolidação. Ou seja, na análise destes doentes que recuperaram da COVID-19, os achados iniciais pulmonares nas TAC de tórax eram pequenas opacidades subpleurais em vidro despolido que evoluíram para padrão de mosaico e consolidação, até cerca de 2 semanas após o início dos sintomas. Finalmente, o estágio 4 (≥14 dias) evidenciava resolução gradual da consolidação, sem padrão em mosaico relevante.

Os autores concluíram que é a partir do 10º dia de sintomas que ocorre o pico de gravidade a nível da representação imagiológica da COVID-19.


Estudo: "Anticoagulant treatment is associated with decreased mortality in severe coronavirus disease 2019 patients with coagulopathy", Tang N, Bai H, Chen X et al. , Journal of Thrombosis and Haemostasis

Comentário: A administração de anticoagulação com heparina é recomendada na maioria das guidelines relativas ao COVID-19, no entanto a sua eficácia e relevância ainda não está completamente comprovada. Os autores descreveram a sua experiência na administração de heparina de baixo peso molecular em 99 doentes com COVID-19 grave, durante 7 ou mais dias, de modo a avaliar a sua eficácia.

Não foi encontraram diferença na mortalidade aos 28 dias entre doentes com e sem heparina, mas a mortalidade aos 28 dias no grupo com heparina era menor quando os autores avaliaram os doentes com sepsis-induced coagulopathy (SIC) score >4 ou com valores de D-dímeros pelo menos 6 vezes superior ao limite superior do normal. Os investigadores concluíram que o tratamento anticoagulante, principalmente com heparina de baixo peso molecular, parece estar associado a um melhor prognóstico em doentes graves com COVID ‐ 19 com coagulopatia, mas os resultados são menos expressivos nos restantes doentes.


Estudo: "Anakinra for severe forms of COVID-19: a cohort study" , Huet T, Beaussier H, Voisin O et al. , Lancet Rheumatol

Comentário: A procura por uma solução que diminua o impacto da tempestade de citocinas no COVID-19 continua e neste artigo os autores avaliam o papel de um antagonista recombinante do receptor IL-1 na diminuição desse estado hiperinflamatório.

Neste estudo, 52 doentes num hospital de Paris foram tratados com Anakinra, administrada de modo subcutâneo, 100mg, 2x dia, durante 3 dias, seguindo-se uma toma diária durante sete dias.

Foi realizada uma comparação com doentes que não realizaram este tratamento, e os autores verificaram que existia uma redução importante na mortalidade, bem como menor recurso a ventilação invasiva. Apesar de ser expectável, não se verificaram efeitos adversos relevantes, nomeadamente a possível sobreinfeção bacteriana.

Existe atualmente um estudo mais abrangente a decorrer que poderá melhorar o conhecimento sobre este tratamento e qual a sua viabilidade a médio prazo.


Estudo: "A Randomized Trial of Hydroxychloroquine as Postexposure Prophylaxis for Covid-19", David R. Boulware et al. , NEJM

Comentário: A hidroxicloroquina tem sido um dos fármacos mais estudados para esta doença. Após uma euforia inicial, seguiu-se um período de ostracização, tendo inclusive sido suspensos os ensaios que decorriam sobre alçada da WHO. Nos últimos dias, existe uma tentativa de relativizar e tentar compreender melhor os resultados menos positivos de alguns estudos.

No início de Junho, o NEJM publica um importante estudo que avalia o papel da Hidroxicloroquina na profilaxia pós-exposição ao vírus, nomeadamente, se poderá diminuir o risco de infeção sintomática.

Neste RCT, em 821 pessoas com exposição pelo menos 96 horas antes, foram aleatorizados para tratamento com hidroxicloroquina 800mg 1 toma, seguida de outra toma 600mg após 6-8horas, completando depois o esquema com 600mg do fármaco 1x dia durante 4 dias; ou em grupo controlo, com administração de placebo.

Não se verificaram diferenças relevantes no desenvolvimento de COVID-19 sintomática nestes dois grupos. O grupo tratamento teve maior taxa de efeitos adversos, mas nenhum grave.


maio 2020

Comentário da Dr.ª Margarida Afonso, Pneumologista, CHUCB

Estudo: "Remdesivir in adults with severe COVID-19: a randomised,  double-blind, placebo-controlled, multicentre trial" Wang et al, The Lancet

O remdesivir foi testado contra placebo num ensaio aletorizado, duplo cego, em 237 doentes adultos com pneumonia COVID-19. Foram incluídos 158 doente no braço remdesivir e 79 no braço placebo. O endpoint primário, deste que é o primeiro RCT publicado com remdesivir, foi negativo.
Na avaliação intenção para tratar (ITT), o tempo até melhoria clínica (endpoint primário) não foi diferente: 21 vs. 23 dias (HR 1,23, IC 95% 0,87 – 1,75), no follow-up predefinido de 28 dias. 102 doentes (66%) no grupo intervenção e 50 (64%) no grupo controlo tiveram eventos adversos, motivo de descontinuação em 18 (12%) vs. 20 (26%), respetivamente. A mortalidade foi semelhante nos dois braços (22 (14%) com remdesivir vs. 10 (13%) com placebo). Foi encontrada uma redução numérica do endpoint foi obtida nos doentes com início mais precoce da intervenção (duração de sintomas inferior ou igual a 10 dias) (mediana 18 vs. 23 dias, HR 1,52 (IC 90% 0,95 – 2,43)). A duração da ventilação mecânica invasiva foi numericamente inferior nos doentes sob remdesivir, mas a proporção de doentes com este nível de suporte foi pequena (11/7% no grupo de intervenção).

Foi permitida terapêutica concomitante com lopinavir-ritonavir, interferão e corticoides. Realço a elevada proporção de doentes submetidas a corticoide, 65% no grupo remdesivir e 68% no grupo controlo. Adicionalmente, a toma de antibióticos foi generalizada, 90% e 94% respetivamente.

O estudo foi terminado precocemente, por dificuldades de recrutamento, não tendo sido alcançada a população predefinida. A análise fica assim limitada. Sendo um estudo multicêntrico chinês foi apontado como justificação o controlo pandémico conseguido no país.

Apesar ou concomitantemente a estes resultados, a FDA aprovou em contexto de emergência o uso do remdesivir, com base nos resultados preliminares do Adaptive COVID-19 Treatment Trial (ACTT) (NCT04280705) patrocinado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases (NIAID) e iniciado em 21 de fevereiro. Na análise preliminar por um comité independente em 27 de abril, foi descrito um tempo para recuperação 31% mais rápido comparativamente ao placebo (mediana 11 vs 15 dias) (p<0,001).

(https://www.niaid.nih.gov/news-events/nih-clinical-trial-shows-remdesivir-accelerates-recovery-advanced-covid-19)

(https://www.fda.gov/media/137564/download).

Comentários da Dr.ª Margarida Afonso, Pneumologista, CHUCB

EPIDEMIOLOGIA E FACTORES DE RISCO

Estudo: “Prevalence, Severity and Mortality associated with COPD and Smoking in patients with COVID- 19: A Rapid Systematic Review and Meta-AnalysisAlqahtani et al, Plos One

Dados de uma revisão sistemática e meta-análise, incluindo 16 estudos num total de 2473 doentes com COVID-19, revelaram uma prevalência de DPOC e fumadores de 2% (IC 95%, 1 a 3%) e 9% (IC 95%, 4 a 14%), respetivamente. A concomitância de DPOC traduziu-se num risco aumentado de gravidade (RR calculado 1,88 (IC 95%, 1,4 a 2,4). Fumadores e ex-fumadores apresentaram uma taxa elevada de complicações graves de COVID-19, sendo esse risco 1,45 vezes maior nos fumadores vs. nunca e ex-fumadores (IC 95% 1,03 a 2,04). Estes apresentaram ainda maior mortalidade. O impacto da concomitância de doença respiratória crónica na COVID- 19 é assim reforçado.

Estudo:SARS-CoV-2 Rates in BCG-Vaccinated and Unvaccinated Young Adults” Hamiel, Kozer and Youngster, JAMA

Num estudo observacional, uma população de 72 060 indivíduos testados para SARS-Cov-2 foi dividida em dois grupos de acordo com o ano de nascimento, em 1979-1981 e 1983-1985. Com base na suspensão da vacinação para BCG em 1982 em Israel, foi comparada desta forma a população vacinada com BCG vs. não vacinada, relativamente à incidência de COVID-19. Não foi identificada diferença na proporção de testes positivos, 361 (11,7%) nos vacinados vs. 299 (10,4%) nos não vacinados, uma diferença de 1,3% (IC 95% -0.3% a 2,9%). A taxa de positivos por 100 000 foi também semelhante (121 nos vacinados vs. 100 nos não vacinados; diferença 21 por 100 000; IC 95% -10 a 50 por 100 000). Um fator confundidor existe devido a vacinação mantida na população imigrante incluída na análise. Este estudo confronta algumas notícias relativas ao efeito protetor da vacinação BCG na COVID-19.

IMUNIDADE

Seroprevalence of antibodies against SARS-CoV-2 among health care workers in a large Spanish reference hospitalGascia-Basterio (preprint),

Numa fase de redução da incidência de novos casos, muitos artigos e informação têm surgido relativamente à aquisição de imunidade para SARS-Cov-2, ainda sem a robustez desejável.

Um estudo, ainda em pre-print, revelou uma prevalência cumulativa de infeção nos profissionais do Hospital Clínic de Barcelona de 11,2%. Na amostra aleatória de 578 trabalhadores incluídos,39 (6,7%) tinham diagnóstico prévio por RT-PCR e 14 (2,6%) infeção ativa aquando do recrutamento. 54 (9,3%) (IC 95% 7,2 a 12) tinham anticorpos (IgM, IgG ou IgA) positivos, sinalizando infeção recente ou passada. Destes, 21 (40%) não tinham sido previamente diagnosticados, embora 10 referissem sintomatologia. Dos 39 doentes com diagnóstico prévio, 6 (15%) tiveram serologias negativas. Considerando o contexto de alto risco de exposição dos profissionais de saúde pode ser teorizada uma prevalência inferior na população geral e, assim, muito inferior ao teoricamente necessário para a aquisição de imunidade de grupo. A incerteza quanto à imunidade efetiva conferida por estes anticorpos é outra questão ainda em investigação. A interpretação dos resultados deve ser ponderada na ausência de peer-review. Os resultados inválidos de 43 (7,4%) dos RT-PCR e o intervalo de tempo curto entre recrutamento e diagnóstico / início de sintomas constituem potenciais viés.

TERAPÊUTICA

Estudo: “Triple combination of interferon beta-1b, lopinavir–ritonavir, and ribavirin in the treatment of patients admitted to hospital with COVID-19: an open-label, randomised, phase 2 trialHung et           al,           The             Lancet

Um ensaio aleatorizado aberto comparando tratamento antiretroviral combinado de lopinavir- ritonavir, interferão beta-1b e ribavirina, com lopinavir-ritonavir isoladamente, em doentes internados por COVID-19, foi positivo. Num esquema 2:1 foram incluídos 86 doentes no grupo combinado e 41 doentes no grupo controlo (total de 127 doentes). A intervenção foi iniciada precocemente em ambos os grupos (em mediana 5 dias após início de sintomas). 34 doentes no grupo combinado, com duração de sintomas superior ou igual a 7 dias, realizaram apenas lopinavir-ritonavir e ribavirina. A maioria apresentava doença não grave com base nos scores NEWS2 e SOFA, a maioria sem necessidade de suporte ventilatório ou oxigénio. Na avaliação intenção para tratar (ITT), o outcome primário de tempo até zaragatoa nasofaríngea RT-PCR negativa para SARS-Cov-2 foi positivo [mediana 7 vs. 12 dias, HR 4,37, (1,86 a 10,24)]. Os outcomes secundários, tempo até melhoria de sintomas [NEWS2= 0, HR 3,92 (1,66 a 9,23) e SOFA=0, HR 1,89 (1,03 a 3,49)] e duração de internamento (9 vs. 14,5 dias) foram também positivos. A proporção de eventos adversos foi semelhante nos dois grupos.

Estudo: “Observational study of hydroxycloroquine in Hospitalized patients with COVID-19” Geleris et al, NEJM

Estudo: Association of Treatment With Hydroxychloroquine or Azithromycin With In-Hospital Mortality in Patients With COVID-19 in New York State” Rosenber et al, JAMA

Estudo: Risk of QT Interval Prolongation Associated With Use of Hydroxychloroquine With or Without Concomitant Azithromycin Among Hospitalized Patients Testing Positive for Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)” Merculo et al, JAMA

Estudo: Assessment of QT Intervals in a Case Series of Patients With Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) Infection Treated With Hydroxychloroquine Alone or in Combination With Azithromycin in an Intensive Care Unit” Bessière et al, JAMA

Ainda no campo da terapêutica, a evidência de não benefício da hidroxicloroquina foi demonstrada em mais dois estudos publicados no JAMA.

Geleris et al apresentaram os dados observacionais de 1376 doentes consecutivos, numa análise através de um propensity score match e de regressão. Do total, 811 (58,9%) receberam hidroxicloroquina. O início da terapêutica foi precoce (45,8% em 24h e 85,9% em 48 horas da admissão na urgência). Os doentes submetidos à intervenção apresentavam maior grau de insuficiência respiratória (PaO2/FiO2 223 vs. 360). O uso de hidroxicloroquina não se associou a alteração significativa do prognóstico, considerando o endpoint primário composto de intubação ou morte.

Rosenberg et al, num estudo coorte retrospetivo com 1438 doentes internados por COVID-19, reportaram a ausência de benefício na mortalidade intra-hospitalar. O HR ajustado obtido foi 1,08 (IC 95%, 0,63 a 1,85) com hidroxicloroquina, 0,56 (IC 95%, 0,26 a 1,21) com azitromicina e 1,35 (IC 95%, 0,76 a 2,40) com a combinação dos dois fármacos.

À paucidade da evidência clínica de benefício associa-se a demonstração do risco de prolongamento do intervalo QT decorrente da hidroxicloroquina, associada ou não a azitromicina. Bessière et al observaram este evento em 14 de 40 doentes (36%) em contexto de Cuidados Intensivos (25% com aumento QTc ≥ 60 mseg e 18% com QTc ≥ 500 mseg), sendo que no total 93% dos doentes apresentaram alterações. E, Merculo et al reportaram QTc ≥ 500 mseg em 18 de 90 doentes (20%), com maior relevo nos doentes submetidos a terapêutica concomitante com azitromicina.

FOLLOW-UP

Estudo: “British Thoracic Society Guidance on Respiratory Follow Up of Patients with a Clinico- Radiological Diagnosis of COVID-19 PneumoniaGeorge et al, BTS, 11 de maio

Referente ao follow-up clínico e radiológico de doentes com pneumonia COVID-19, a British Thoracic Society publicou recomendações pragmáticas, baseadas num painel de especialistas e ilustradas com algoritmos de fácil leitura.

Nos doentes graves com internamente em UCI recomendam uma reavaliação precoce às 4-6 semanas, com subsequente avaliação presencial às 12 semanas, incluindo revisão de sintomas e radiografia do tórax. Nos casos com alterações radiológicas persistentes, a repetição de radiografia após mais 6-8 semanas deve ser ponderada. E, caso estas alterações persistam, recomendam a realização de estudo funcional completo, prova da marcha, ecocardiograma, bacteriologia da expetoração e referenciação para reabilitação respiratória. Caso seja identificada persistência radiológica ou limitação fisiológica, deve ser realizada TC volumétrica para pesquisa de patologia intersticial e angioTC para exclusão de complicações embólicas. Nos doentes com COVID-19 ligeira a moderada, recomendam um follow-up radiológico inicial às 12 semanas, idealmente com consulta não presencial. Na persistência de alterações, as recomendações são semelhantes às referidas para os doentes graves, incluindo estudo ventilatório completo e segunda radiografia do tórax, seguida de TC e angioTC, prova da marcha e ecocardiograma, se existiram alterações radiologias e/ou fisiológicas.

Comentário da Dr.ª Margarida Afonso, Pneumologista, CHUCB

Estudo: "OpenSAFELY: factors associated with COVID-19-related hospital death in the linked electronic health records of 17 million adult NHS patients." The OpenSAFELY Collaborative et al.

Este estudo de coorte da Universidade de Oxford, ainda em preprint, analisou os fatores de risco de mortalidade por COVID-19, com base num registo dos Cuidados de Saúde Primários do Reino Unido, que abarca cerca de 40% da população deste país.
No total de cerca de 17 milhões de adultos incluídos registaram-se 5683 mortes hospitalares por COVID-19. Alguns dos fatores de risco para mortalidade por COVID já estabelecidos como idade e sexo masculino, foram reforçados, assim como várias comorbilidades.
Especificamente, a existência de patologia respiratória crónica, codificada como asma e doença respiratória não-asma, associou-se a maior risco de morte. Nos doentes com asma não controlada ou grave, (considerada com base na toma de corticoide no último ano), o risco foi superior.
Os doentes tratados com corticóide oral tiveram um aumento de risco, com HR ajustado de 1,25 (CI 1,08 a 1,44) vs. 1,11 (CI 1,02 a 1,20) naqueles que não necessitaram desse tratamento. No restante grupo de doenças respiratórias crónicas registou-se um risco 1,78 vezes superior (CI 1,67 a 1,90) de morte por COVID-19.
Os autores avaliaram ainda a relação entre o tabagismo e a mortalidade por COVID-19, contudo, sem resultados definitivos.
Estes resultados parecem mostrar a relevância do mau controlo ou gravidade de asma e várias outras comorbilidades. Maior risco de mortalidade (HR) foi também encontrado com maior grau de obesidade, na diabetes com valor elevado de HbA1c e nas neoplasias com diagnóstico recente. Estes dados favorecem a relevância empírica dada ao controlo das doenças crónicas no prognóstico da infeção COVID-19.

 


abril 2020

Comentários de:

Prof. Doutor Tiago Alfaro – Pneumologista, CHUC

Prof. Doutor João Carlos Winck - Professor Afiliado da FMUP

Prof. Doutor Filipe Froes - Pneumologista, CHLN

Prof. Doutora Natália Martins - Professora Afiliada da FMUP

Dr. João Cravo – Pneumologista, CHBV

Dr.ª Susana Moreira – Pneumologista, CHLN

Dr.ª Margarida Afonso – Pneumologista, CHUCB

Dr.ª Liliana Ribeiro – Pneumologista, CHTMA

 

1 de abril de 2020

Estudo: "Treatment of 5 critically ill patients with COVID-19 with convalescent plasma", Shen C et al, JAMA, March 27 2020

Comentário: Com base em estudos realizados em outras pandemias víricas, que demonstraram eficácia clínica da transfusão de plasma convalescente, 5 doentes com ARDS grave associada à COVID-19, sob ventilação mecânica e já medicados com antivíricos (mas que mantinham carga vírica elevada) e metilprednisolona, foram transfundidos com plasma com anticorpos específicos IgG SARS-CoV2 entre 10 e 22 dias após admissão hospitalar, com resolução da febre, melhoria do ratio PaO2/FiO2, melhoria imagiológica e negativação da carga vírica 12 dias após transfusão.

Dado as várias limitações do estudo, nomeadamente a pequena amostra, ausência de grupo controlo, tratamento concomitante com outros fármacos e período muito variável de tempo de internamento aquando da administração do plasma, é necessária validação destes dados preliminares em ensaios randomizados.


1 de abril de 2020

Estudo: “A Trial of Lopinavir-Ritonavir in Adults Hospitalized with Severe COVID-19” B. Cao et al, NEJM, March 20, 2020

Comentário: Este estudo publicado na prestigiada The New England Journal of Medicine, avalia 199 doentes com COVID-19. Neste estudo 99 doentes fizeram Lopinavir/Ritonavir (LPV/r) em monoterapia  associada a terapêutica de suporte e 100 doentes só tratamento de suporte. O estudo não demonstrou diferenças com significado estatístico entre vários parâmetros, nomeadamente na mortalidade e tempo para a resolução clínica. Contudo alguns pormenores merecem ser destacados e avaliados com prudência. 

O intervalo de tempo entre o início dos sintomas e o início da terapêutica foi em média 13 dias, a população estudada era bastante grave e os dados apontam para uma possível maior carga viral inicial dos doentes submetidos a LPV/r.

Atualmente, a recomendação para a terapêutica com LPV/r é iniciar precocemente nos doentes com formas inicias e menos graves de pneumonia e, sempre, em associação com hidroxicloroquina (norma 004/2020 da DGS).

De igual modo e sem significado estatístico, o estudo demonstrou várias tendências todas mais favoráveis nos doentes submetidos a LPV/r, tais como, menor mortalidade (19,2% versus 25,0%), menor duração de internamento em UCI e mais rápida resolução clínica. Citando o estudo: "These observations are hypothesis generating and require additional studies to determine whether lopinavir–ritonavir treatment given at a certain stage of illness can reduce some complications in Covid-19."


1 de abril de 2020

Estudo: “Imaging and clinical features of patients with 2019 novelcoronavirus SARS-CoV-2”, Xi Xu et. al, Eur J Nucl Med Mol Imaging, February 28, 2020

Comentário: Neste trabalho os autores relataram as características clínicas e de imagem de pacientes infetados com SARS-CoV-2 em Guangzhou, China. Dos 90 doentes infetados com SARS-CoV-2 incluídos no estudo, todos foram submetidos a TC sem contraste. Foram analisadas as características clínicas, bem como as características de distribuição, padrão, morfologia e manifestações associadas às lesões pulmonares. Além disso, 1-6 dias (média de 3,5 dias) depois, imagens de TC de tórax de acompanhamento foram analisadas para avaliar a evolução radiológica.

Os autores observaram que mais de metade dos pacientes apresentou lesões pulmonares multifocais bilaterais, com distribuição periférica, e 53 (59%) pacientes tinham mais de dois lobos envolvidos. De todos os pacientes incluídos, a pneumonia por COVID-19 apresentou-se como opacidade em vidro despolido em 65 (72%), consolidação em 12 (13%), "crazy paving pattern" em 11 (12%), espessamento interlobular em 33 (37%), espessamento da pleura adjacente em 50 (56%) e opacidades lineares combinadas em 55 (61%). O derrame pleural, derrame pericárdico e linfadenopatia foram achados incomuns. Além disso, a TC basal do tórax não mostrou anormalidades em 21 pacientes (23%), mas 3 apresentaram opacidades bilaterais em vidro despolido na segunda TC após 3-4 dias.

Os autores concluíram assim que múltiplas opacidades sob a forma de vidro despolido em múltiplos lóbulos bilaterais com distribuição periférica são características típicas da TC na pneumonia COVID-19.

 


3 de abril de 2020

Estudo: "Ten Weeks to Crush the Curve", Harvey V. Fineberg, The new England Journal of Medicine, April 1, 2020

Comentário: Este editorial do Prof. Harvey V. Fineberg, antigo reitor da Harvard School of Public Health e presidente da National Academy of Medicine, defende uma intervenção rápida, musculada e bem coordenada nos EUA, para que a situação seja controlada em poucos meses, dando possibilidade à economia para arrancar a tempo de evitar uma catástrofe maior de contornos sociais a uma escala nunca antes vista. O objetivo seria esmagar a curva, não apenas achatá-la. O plano de ação proposto é pensado para os EUA, mas as medidas poderão ser adotadas noutros países ou continentes.

As medidas médicas propostas não são muito diferentes do que já foi recomendado pela OMS, com exceção da indicação clara da importância do uso generalizado de máscaras cirúrgicas por toda a população. A 20 de março, a revista The Lancet Respiratory Medicine também publicou um comentário onde destacou que a ausência de prova sobre o benefício do uso generalizado de máscaras não é o mesmo que a presença de provas que demonstrem o seu malefício ou não benefício.

Também hoje a DGS publicou novas normas sobre a utilização de máscaras cirúrgicas, mais abrangentes em termos de profissões e funções.

Numa doença nova como a COVID-19, a evidência científica e as recomendações médicas mudam rapidamente, talvez como nunca antes, tentando dar resposta ao crescimento da pandemia.


3 de abril de 2020

Estudo: "The experience of high-flow nasal cannula in hospitalized patients with 2019 novel coronavirus-infected pneumonia in two hospitals of Chongqing, China", Wang K et. al, Ann Intensive Care, Mar 20, 2020

Comentário: Neste estudo avaliou-se retrospetivamente a abordagem terapêutica inicial de 27 doentes com falência respiratória aguda grave por pneumonia pelo novo coronavírus. Em 17 (63%) destes a oxigenioterapia de alto fluxo por cânula nasal (ONAF) foi a primeira linha de tratamento, em 9 (33%) a ventilação não invasiva (VNI) e em apenas 1 (4%) a ventilação mecânica invasiva (VMI). A ONAF foi usada com sucesso em todos os doentes com PaO2/FiO2 > 200 mmHg (6 doentes) mas houve falência terapêutica em 64% (7) dos 11 doentes com PaO2/FiO2 ≤ 200 mmHg, recorrendo à VNI como segunda linha de tratamento. Dos 16 doentes que realizaram VNI como primeira ou segunda linha, 3 acabaram por necessitar de VMI. 

Várias limitações são apontadas pelos autores do estudo. Além da pequena amostra, trata-se de um estudo retrospetivo, e possíveis explicações para o uso de ONAF em primeira linha na maioria dos doentes são meramente especulativas, nomeadamente abordagem dos doentes durante o pico da doença por médicos pouco familiarizados com uso de VNI ou VMI. Reforçam a necessidade de se desenvolverem rapidamente novos estudos sobre o uso de ONAF na pneumonia pelo novo coronavírus.

O facto de ser um estudo retrospetivo empobrece o artigo, as explicações para as abordagens realizadas são limitadas.


4 de abril de 2020

Estudo: Barrier enclosure during endotracheal intubation” Canelli et al, The new England Journal of Medicine

Comentário: A escassez de equipamento individual de proteção e o risco elevado de transmissão de SARS-CoV-2 durante procedimentos invasivos, têm levado a uma procura engenhosa de alternativas. Contudo, a sua efetividade nem sempre é comprovada. Nesta carta ao editor publicada no NEJM os autores apresentam a descrição de uma caixa de aerossóis (caixa transparente com duas aberturas para os braços), para uso sobre a cabeça do doente durante a entubação endotraqueal. Através da insuflação de um balão com tinta fluorescente na orofaringe de um manequim, procuraram simular a dispersão que ocorreria com a tosse durante a laringoscospia. O resultado foi uma redução significativa da área afetada por partículas de tinta quando avaliado com luz ultravioleta.

Apesar destes resultados é importante realçar que o método de simulação não foi validado em relação à projeção obtida com a tosse (direção, velocidade, turbulência ou tamanho de partículas), nem o método de deteção foi adequado a gotículas de menores de dimensões, habitualmente produzidas com a tosse. A dificuldade acrescida do uso da caixa na entubação é também relevante, requerendo treino prévio e experiência na técnica.


4 de abril de 2020

Estudo: Coronavirus Disease 2019 in elderly patients: characteristics and prognostic factors based on 4-week follow-up” Wang et. al, Journal of Infection

Comentário: A população idosa tem reconhecidamente um alto risco de morbimortalidade por COVID-19. No período de 1 de janeiro a 6 de fevereiro, um hospital em Wuhan dedicado ao tratamento desta doença, registou 339 internados com idade superior a 60 anos. Mais de 70% eram doentes graves-críticos e a mortalidade foi de 19,2% (n=65) durante o follow-up de 4 semanas. Queixas de dispneia (HR 2,35, p=0,001), comorbilidades cardiovascular (HR 1,85, p=0,031) ou doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) (HR 2,14, p=0,023) e o desenvolvimento de síndrome de dificuldade respiratória aguda (ARDS) (HR 29,33, p<0,001), foram preditores de mortalidade. Maior contagem total de linfócitos associou-se a melhor prognóstico (HR 0,097, p<0,001). A progressão foi mais rápida nos doentes fatais, com uma duração mediana de internamento de 5 vs 28 dias (p<0,001), apesar da duração de sintomas até admissão equivalente.

Os autores reforçam assim a elevada gravidade e mortalidade da COVID-19 na população idosa, a necessidade de maior monitorização e de uma abordagem terapêutica mais rápida neste grupo. A natureza retrospectiva e o facto de se tratar de um hospital alocado ao tratamento de doentes graves são potencias limitações à generalização dos resultados.


6 de abril de 2020

Estudo: "Evolving epidemiology and transmission dynamics of coronavirus disease 2019 outside Hubei province, China: a descriptive and modelling study" Zhang, J et al. Lancet Infect Dis

Comentário: Os autores analisaram 8579 casos confirmados em nove províncias chinesas afetadas pelo coronavírus, excluindo Hubei. Compararam a dinâmica da epidemia entre dois períodos, de 24/12/2019 a 27/01/2020 e 28/01/2020 a 17/02/2020. O tempo médio de incubação e o intervalo de série (tempo entre o início da doença num indivíduo e o início de doença nos indivíduos infetados pelo primeiro) foram calculados nos casos identificados por vigilância ativa.

A demora entre o início de sintomas e o diagnóstico ou internamento foi reduzido no segundo período, provavelmente devido à maior consciencialização da população. O tempo médio de incubação foi 5,2 dias e o intervalo de série foi 5,1 o que sugere que pode existir um pico transmissão antes do início de sintomas. A observação mais importante foi de que o número médio de transmissões por cada caso ativo (R) se reduziu a menos de 1 logo no final de janeiro, o que provavelmente foi resultado das medidas restritivas introduzidas pelas autoridades chinesas.

Este estudo sublinha a importância das medidas de controlo da população e hábitos pessoais de cada um e demonstra como é possível controlar e reduzir rapidamente a pandemia, ainda que com custos sociais importantes.


6 de abril de 2020

Estudo: "Clinical management of severe acute respiratory infection (SARI) when COVID-19 disease in suspected" March 13, 2020

Comentário: A presença de coagulopatia é considerada um dos principais fatores de mau prognóstico em doentes com COVID-19 e nas últimas semanas o papel da anticoagulação nesta pandemia vem sendo questionado, como por exemplo nas recomendações da Organização Mundial da Saúde para os doentes com COVID-19 e doença grave. Estas guidelines provisórias da International Society of Thrombosis and Haemostasis (ISTH) do final de março podem ajudar-nos a guiar melhor a nossa intervenção neste campo, esperando-se a curto prazo uma nova versão mais robusta.

A presença de d-dimeros elevado é relativamente frequente em casos mais graves de COVID-19. Os autores recomendam que anticoagulação profilática com heparina de baixo peso molecular (HBPM) seja instituída a todos os doentes com COVID-19 internados sem contraindicações. Para além do seu papel no estado protrombótico, a HBPM também poderá ter efeito anti-inflamatórios. A ocorrência de hemorragia em doentes com COVID-19 e HBPM é rara.

Os autores publicaram ainda um algoritmo com o objetivo de ajudar na abordagem e controlo de doentes com alterações na coagulação e COVID-19.

 


9 de abril de 2020

Estudo: "Prediction models for diagnosis and prognosis of covid-19 infection: systematic review and critical appraisal" Wynants et al, BMJ, April 7, 2020

Comentário: Nesta revisão sistemática publicada no BMJ por Wynants et al, os autores identificaram 27 estudos com descrição de 31 modelos preditivos de COVID-19. Destes, 3 são modelos de risco de internamento por pneumonia (AUC 0,73 a 0,81), 18 são modelos de apoio diagnóstico (AUC 0,81 a > 0,99) e 10 são modelos prognósticos (AUC 0,85 a 0,98).

Todos registaram elevado risco de viés, maioritariamente devido à seleção e sobreajuste da população. A qualidade é muito variável, a calibração raramente realizada e a população do estudo ou o uso pretendido dos modelos não são descritos na maioria. Apenas um estudo foi baseado em doentes fora da China.

Dos modelos identificados, 12 foram apresentados em formato aplicável na prática clínica, contudo, e devido às limitações, a sua aplicação não é recomendada até validação externa adequada.

Apesar das deficiências apontadas, os preditores identificados constituem uma base útil para o desenvolvimento de novos modelos mais rigorosos. Destacam-se no âmbito diagnóstico, a idade, temperatura corporal, sinais e sintomas e resultados de tomografia computorizada (TC). E como preditores de prognóstico, idade, sexo, TC, proteína C reativa (PCR), lactato desidrogenase (LDH) e contagem linfocitária.

10 de abril de 2020

Estudo: Understanding and Addressing Sources of Anxiety Among Health Care Professionals During the COVID-19 Pandemic”, Shanafelt, T et al. JAMA. 2020

Comentário: Este artigo sob a forma de ponto de vista, avalia as principais preocupações e fontes de ansiedade nos profissionais envolvidos no tratamento de doentes suspeitos ou com COVID-19. São propostas formas de abordar e minimizar estas preocupações. 

As fontes de ansiedade são compreendidas em 5 pedidos do profissional à instituição: oiçam, protejam, treinem, apoiem e se necessário tratem os funcionários e as suas famílias. 

Salienta-se ainda a importância de uma liderança forte e visível nesta fase, mesmo com as limitações do distanciamento social. 

Recomendam-se várias estratégias de abordagem baseadas nestes 5 pedidos, ao qual se adiciona um outro: a importância da demonstração de gratidão pela instituição, não apenas pelo público. Em resumo, a manutenção de uma equipa de profissionais saudável, motivada e confiante é um dos princípios fundamentais da abordagem com sucesso à pandemia. A abordagem da liderança de cada instituição pode fazer toda a diferença.

 


13 de abril de 2020

Estudo: "Compassionate Use of Remdesivir for Patients with Severe Covid-19" Grein et al, NEJM

Comentário: Foi publicado no NEJM um estudo relativo aos doentes sob uso compassivo de remdesivir por COVID-19. Dos 61 doentes em que o fármaco foi aprovado, 8 foram excluídos da análise. Dos 53 doentes analisados, 40 (75%) completaram os 10 dias de intervenção. O tempo mediano de follow-up foi de 18 dias. Em 36 (68%) houve melhoria do grau de suporte ventilatório vs 8 (15%) que agravaram, 17 dos 30 doentes sob VMI (57%) foram extubados e 3 em 4 suspenderam ECMO. Aos 28 dias a incidência cumulativa de melhoria clínica foi 84% (IC 95% 70 a 99). A melhoria foi menos frequente naqueles sob ventilação invasiva (HR 0,33) ou com idade > 70 anos (HR 0,29 em comparação com < 50 anos).

Várias e importantes limitações existem em relação a este estudo, estando os critérios de aprovação do uso, protocolo do estudo e redação inicial da publicação a cargo da farmacêutica detentora do fármaco. Trata-se de um estudo aberto, sem grupo controlo, sem definição a priori do tamanho e distribuição da amostra, assim como duração da intervenção ou endpoints avaliados. 23% dos doentes tiveram eventos adversos, embora a sua interpretação como verdadeiros efeitos adversos vs complicações da doença difícil sem um grupo controlo. O processo de seleção para uso compassivo não é esclarecido, introduzindo viés importantes. A inclusão de doentes com baixa gravidade, 19 não entubados, 2 em ar ambiente e 10 sob oxigenoterapia de baixo débito pode ser questionada. O número de doentes excluídos por ausência de dados é, de alguma forma, preocupante. O início da terapêutica, em mediana 12 dias após início dos sintomas, é provavelmente tardio em relação ao curso e período de deterioração tipicamente descritos para a COVID-19.

Com estas limitações a valorização dos resultados é limitada. Embora traduzam um sinal positivo em relação ao fármaco, estudos aleatorizados controlados (RCT) impõem-se como essenciais.


14 de abril de 2020

Estudo: "Comorbidity and its impact on 1590 patients with Covid-19 in China: A Nationwide Analysis", Guan et al, ERJ

Comentário: As comorbilidades associaram-se a pior prognóstico neste estudo retrospetivo que incluiu 1590 doentes internados por COVID-19, em 575 hospitais chineses. Com base em dados prévios de gravidade foi definido como endpoint primário composto, a morte ou admissão em UCI ou ventilação não invasiva.

No total 131 (8,2%) atingiram o endpoint, incluindo 77 (19,3%) daqueles com pelo menos uma comorbilidade (vs 4,5% dos indivíduos sem outra patologia). Maior número de comorbilidades associou-se a maior risco, com hazard ratio 1,79 (IC 95% 1,16 a 2,77) nos doentes com pelo menos uma e 2,59 (IC 95% 1,61 a 4,17) naqueles com duas ou mais. Após ajuste para idade e tabagismo, DPOC (HR 2,68, IC 95% 1,42 a 5,05), hipertensão arterial (HR 1,58, IC 95% 1,07 a 2,32) e neoplasia (HR 3,50, IC 95% 1,60 a 7,64) foram significativas.

Algumas limitações devem ser referidas. O registo das comorbilidades foi baseada no auto-relato, com risco de desconhecimento ou não valorização pelo doente. O tempo de follow-up foi curto (dez/19 a jan/20), com alguns doentes ainda internados aquando da publicação. E a extrapolação dos resultados para uma população não-chinesa é limitada devido pelas diferenças na prevalência de comorbilidades noutros países.

Contudo estes dados vêm reforçar o impacto das comorbilidades no prognóstico dos doentes com COVID-19 e a importância da sua avaliação criteriosa na admissão destes doentes.


16 de abril de 2020

Estudo: "The role of chest imaging in patient management during the COVID-19 pandemic: a multinational consensus statement from the Fleischner Society" Rubin GD et al, Radiology, Apr 7 2020

Comentário: A radiografia de tórax e a TC torácica têm sido estudadas e utilizadas na suspeita e diagnóstico de COVID-19, mas observa-se heterogeneidade no seu uso e disponibilidade. A reputada Fleischner Society reuniu um painel composto principalmente por Pneumologistas e Radiologistas com larga experiência em COVID-19 de 10 países diferentes. Criaram um documento de consenso sobre o uso da imagem no diagnóstico e tratamento da COVID-19 em adultos, atendendo a multivariáveis como gravidade das manifestações respiratórias, probabilidade pré-teste da doença, fatores de risco de progressão da doença e restrição de recursos. As recomendações podem referir-se quer à radiografia de tórax, quer à TC.

- Não é recomendado uso de exame de imagem como rastreio de COVID-19 em doentes assintomáticos, nem em doentes com suspeita ou teste positivo com doença ligeira sem fatores de risco para progressão.
- É recomendado uso de exame de imagem em doentes suspeitos ou positivos com doença ligeira e fatores de risco para progressão (idade > 65 anos e comorbilidades) ou com doença moderada a grave, independentemente do resultado do teste. É ainda recomendado em doentes com COVID-19 com agravamento da disfunção respiratória.
- Em situações em que exista indisponibilidade de TC, a radiografia de tórax pode ser preferida em doentes COVID-19 positivos.
- Não é recomendada radiografia de tórax diária a doentes entubados e estáveis.
- A TC deve ser realizada em doentes recuperados de COVID-19 que mantenham comprometimento funcional e/ou hipoxemia.
- É recomendada realização de PCR para COVID-19 em doentes com alterações sugestivas e incidentais em TC torácica.

Trata-se de uma importante orientação do uso de exame de imagem de tórax, tendo em consideração diferentes cenários e recursos, mas que representa a opinião de experts num ambiente extremamente dinâmico, com variação diária do status da pandemia em diferentes regiões com diferente disponibilidade de recursos críticos, devendo as recomendações ser validadas por investigação científica rigorosa.


18 de abril de 2020

Estudo: "Symptom screening at illness onset of health care personnel with SARS-CoV-2 in King County Washington", Chow EJ el al, JAMA, April 17, 2020

Comentário: À medida que a pandemia por COVID-19 se propaga, aumenta significativamente ohb risco de exposição por parte dos profissionais de saúde, tanto em contexto profissional como a nível comunitário. Nos EUA, as orientações de triagem de COVID-19 em profissionais de saúde incluem avaliação de febre e queixas de tosse, dispneia e odinofagia. Neste estudo realizado em King County, foi avaliado o espectro de sintomas no início da COVID-19 em profissionais de saúde. Dos 48 profissionais identificados, 16.7% (8) não apresentavam nenhum dos 4 sinais/sintomas de triagem, sendo os sintomas iniciais mais frequentes arrepios, mialgias, coriza e mal-estar. Dos 8 doentes, 1 nunca teve ao longo do curso da doença nenhum dos 4 sinais/sintomas de triagem, nos restantes 7 o tempo médio entre o início da doença e o início de um dos sinais/sintomas de triagem foi de 2 dias (1-7 dias), sendo também 2 a média de dias de trabalho sob sintomas (1-10 dias). A inclusão de calafrios e mialgias nos critérios de triagem aumentaria em 6.3% a deteção de casos sintomáticos de COVID-19.

Apesar das limitações do estudo, que incluiu uma reduzida amostra, período curto de estudo, variabilidade nos critérios para teste em diferentes serviços de saúde e disponibilidade limitada de testes, demonstra que a expansão dos critérios de triagem poderá permitir uma realização de teste para COVID-19 mais precoce e dessa forma reduzir a exposição de doentes vulneráveis e outros profissionais de saúde a profissionais de saúde infetados.


22 de abril de 2020

Estudo: "Pharmacologic Treatments for Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) A Review" Sanders et al, JAMA

Comentário: Foi publicada no JAMA uma revisão compreensiva relativa às opções farmacológicas para tratamento da COVID-19. De uma forma sistematizada e de fácil leitura são revistos os fármacos com indicação em outras patologias: cloroquina ou hidroxicloroquina, lopinavir /ritonavir e outros antirretrovirais, rivabarina e uma miscelânea de outros agentes; e fármacos em investigação: remdesivir e favipiravir.

Apesar de alguns fármacos terem demonstrado atividade in vitro e potencial benefício clínico (em séries e estudos observacionais ou não controlados), não existem evidência inequívoca de melhoria do prognóstico a partir de ensaios aleatorizados controlados (RCT) para nenhum. A paucidade da evidência de benefício, associada ao potencial para toxicidade e eventos adversos é reforçada em relação aos fármacos aprovados para outras patologias. O remdesivir, um fármaco desenvolvido para o ébola, demonstrou atividade in vitro e um potencial para melhorar o prognóstico de doentes graves, justificando-se a avaliação em RCT e uso compassivo.

Não existem também RCT que suportem o uso profilático de nenhum fármaco. Apesar de estarem a decorrer ensaios com hidroxicloroquina, a evidência de benefício deste fármaco, associado ou não a azitromicina, deriva de artigos nos media ou ensaios não aleatorizados de pequena dimensão, e os potenciais eventos adversos são reforçados por vários autores.

São ainda revistas as principais terapêuticas adjuvantes no tratamento da COVID-19. Destacam a ausência de consenso relativamente a corticóides, não recomendados pela OMS exceto se existir outra indicação concomitante, como exacerbação de doença pulmonar crónica ou choque refratário aos vasopressores. O potencial benefício demonstrado com agentes anti-IL6, como tociluzimab, justifica a sua consideração no contexto de ensaio clínico, apesar do risco aumentado de infeções. O tratamento com imunoglobulinas, com melhoria numa série de 5 casos graves de COVID-19, é também referido.

Relativamente às indicações para iniciar tratamento específico versus apenas tratamento de suporte, os autores consideram que este deve ser reservado para doentes com hipoxia ou pneumonia, ficando nos casos menos graves apenas com terapêutica de suporte.

O artigo oferece ainda as referências de várias sociedades científicas/países e links úteis para consulta.


23 de abril de 2020

Estudo: "Can post-exposure prophylaxis for COVID-19 be considered as one of outbreak response strategies in long-term care hospitals?" Hee Lee et al. Int J Antimicrob Agents.

Comentário: Este artigo descreve a utilização de hidroxicloroquina como profilaxia pós-exposição a COVID-19 numa instituição de cuidados de saúde prolongados na Coreia do Sul. Um dos trabalhadores do hospital foi diagnosticado com COVID-19, sete dias após uma provável exposição e já com três dias de sintomas, dois quais enquanto trabalhava. Os responsáveis consideraram que houve exposição em todos os 193 doentes, pois a profissional trabalhava em todos os pisos. Houve ainda um diagnóstico num outro profissional dois dias após o primeiro, que também trabalhou já sintomático.

Apesar de reconhecerem a insuficiente evidência nesta indicação, face ao risco de um surto grave, os responsáveis propuseram o início de profilaxia pós-exposição com hidroxicloroquina 400 mg por dia durante 14 dias a todos os doentes e 29 dos funcionários, a qual foi finalmente instituída em 189 doentes e 22 funcionários. A hidroxicloroquina foi globalmente bem tolerada, sendo necessário suspendê-la em cinco casos por efeitos gastrointestinais, dois por bradicardia e um por necessidade de jejum. Houve dois doentes que faleceram durante a quarentena, ambos por doença de Alzheimer e com teste post-mortem negativo. Todos os 191 doentes e 121 profissionais testados no fim do período de quarentena foram negativos.

Esta análise não inclui um grupo controlo pelo que não se pode concluir da eficácia desta estratégia na prevenção de COVID-19 em doentes expostos, mas sugere que a hidroxicloroquina na dose de 400 mg por dia é bem tolerada e deverá ser testada em ensaios clínicos para esta indicação. Existem numerosos ensaios clínicos de hidroxicloroquina em curso. A demonstração da eficácia em ensaios clínicos de qualidade, controlados e aleatorizados será fundamental na prevenção e tratamento da doença.


março 2020

Comentários de:

Prof. Doutor Tiago Alfaro – Pneumologista, CHUC

Prof. Doutor João Carlos Winck - Professor Afiliado da FMUP

Prof. Doutor Filipe Froes - Pneumologista, CHLN

Prof. Doutora Natália Martins - Professora Afiliada da FMUP

Dr. João Cravo – Pneumologista, CHBV

Dr.ª Susana Moreira – Pneumologista, CHLN

Dr.ª Margarida Afonso – Pneumologista, CHUCB

Dr.ª Liliana Ribeiro – Pneumologista, CHTMA

 

26 de março de 2020

Estudo: "Ventilatory Ratio in Hypercapnic Mechanically Ventilated Patients with COVID-19 Associated ARDS" de Xiaoqing Liu et al. AJRCCCM

Comentário: A pandemia do COVID-19 necessita de ventilação mecânica invasiva (VMI) numa proporção relevante dos casos.  Os relatos prévios referem volumes baixos (6 ml/kg de peso ideal) e ventilação protetora e permissiva, como na ARDS (Acute Respiratory Distress Syndrome), que pode resultar em hipercapnia relevante e um ventilatory/ratio (VR) alto. Neste estudo, o VR elevado associou-se a um aumento do espaço morto pulmonar e a uma ventilação alveolar inadequada.

Os autores aumentaram o volume médio para 7-8 ml/kg de peso ideal em doentes com hipercapnia relevante, e observaram que melhorou o VR e diminuiu a PaCO2 sem efeitos adversos relevantes. Referem que o VR permitirá perceber quais os doentes que necessitam de uma abordagem ventilatória mais "musculada"


26 de março de 2020

Estudo: "Hydroxychloroquine and azithromycin as a treatment of COVID-19: results of an open-label non-randomized clinical trial" de Gautret et al. ; Publicado no International Journal of Antimicrobial Agents

Comentário: Não existem ainda tratamentos eficazes para a COVID-19. Estudos prévios sugeriram benefício da cloroquina, fármaco antimalárico, na evolução clínica e redução da carga viral. A hidroxicloroquina, um análogo, demonstrou benefício in vitro contra o SARS-CoV.

Com base nestes dados, foi conduzido em Marselha um ensaio aberto não aleatorizado em doentes internados por COVID-19, com idade superior a 12 anos. A proporção de doentes com PCR (polimerase chain reaction) negativo para SARS-CoV-2 ao 6º dia (outcome primário) foi superior no grupo de intervenção ao qual foi administrado hidroxicloroquina oral 200 mg 3id (14 em 20 doentes vs 2 em 16 doentes). Em 6 casos foi associado azitromicina tendo todos atingido o outcome primário. Não são apresentados resultados clínicos, apenas laboratoriais.

A extrapolação destes dados preliminares deve feita com precaução dadas as limitações do estudo. Por um lado, o reduzido tamanho da população e o número de doentes com perda de follow-up (6 em 26 incluídos no grupo tratamento). Tratando-se de uma análise por protocolo foram excluídos os resultados nos doentes que não completaram o tratamento. O grupo controlo incluiu os doentes com critérios de exclusão, os que recusaram a intervenção e os pertencentes a outros hospitais que não o centro coordenador do ensaio, com diferenças clínicas e epidemiológicas relativamente ao grupo de intervenção.

Salienta-se que estes são dados preliminares, aguardam-se os resultados finais.


27 de março de 2020

Estudo: "Association of radiologic findings with mortality of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China", March 19, 2020, Mingli Yuan et al.

Comentário: Neste trabalho, foram estudados retrospetivamente 27 pacientes consecutivos que foram confirmados como tendo pneumonia por infeção por COVID-19 (NCIP). Recolheram dados sobre as características clínicas e os achados da TC, e avaliaram a associação dos achados radiológicos com a mortalidade dos pacientes.

A taxa de comorbidades no grupo de mortalidade foi significativamente maior do que no grupo de sobrevida (80% vs 29%, P=0.018). As características predominantes da TC consistiram em opacidade em vidro despolido (67%), dois lados envolvidos (86%), distribuição periférica e central (74%) e comprometimento da zona inferior (96%). O score mediano da TC no grupo de mortalidade foi maior em comparação ao grupo de sobrevida (30 (IQR 7–13) vs 12 (IQR 11–43), P=0.021), observando-se uma maior frequência de consolidação (40% vs 6%, P = 0,047) e broncograma aéreo (60% vs 12%, P = 0,025). Um valor de corte ideal para o score TC de 24.5 apresentou sensibilidade de 85.6% e especificidade de 84.5% para a previsão de mortalidade. 2019-nCoV teve maior probabilidade de infetar idosos com comorbidades crónicas.

Os achados tomográficos do NCIP foram caracterizados por opacidades predominantes em vidro despolido misturadas com consolidações, principalmente distribuições periféricas e centrais periféricas ou combinadas, sendo as zonas bilateral e inferior do pulmão as mais envolvidas. Este parece ser um método simples de pontuação na TC capaz de prever a mortalidade.


27 de março de 2020

Estudo: "Temporal changes of CT findings in 90 patients with COVID-19 pneumonis: a longitudinal study", Mar 19 2020, Wang Y et al, Radiology

Comentário: Neste estudo prospectivo observacional que envolveu 90 doentes internados por pneumonia por COVID-19, a extensão das alterações da TC de tórax progrediu rapidamente após o início dos sintomas, atingindo o pico durante os dias 6-11 de doença, com o nível de envolvimento a persistir por mais de 24 dias (absorção lenta da pneumonia). O padrão imagiológico mais frequente após início dos sintomas foi o padrão em vidro despolido, que se reduz significativamente entre 12-17 dias de doença, sendo o padrão misto (combinação de vidro despolido, consolidação e padrão reticular) o mais comum. À data de alta a maioria dos doentes apresentava doença residual, predominantemente vidro despolido.


30 de março de 2020

Estudo: "Decontamination and Reuse of N95 Respirators with Hydrogen Peroxide Vapor to Address Worldwide Personal Protective Equipment Shortages During the SARS-CoV-2 (COVID-19) Pandemic" Antony Schwartz et al. Duke University, Applied Biosafety: Journal of ABSA International

Comentário: A escassez de recursos, nomeadamente equipamento de proteção individual (EPI), é uma questão de máximo relevo no contexto pandémico. Como demonstrado no comentário publicado no "The Lancet" por Feng et al, as recomendações relativamente a EPI não são uniformes entre países ou sociedades científicas.

A disponibilidade e fase da pandemia são um provável viés. Autores da Universidade de Duke realizaram uma avaliação da efetividade e segurança da descontaminação de respiradores N95 através de vapor de peróxido de hidrogénio, apresentando uma descrição do protocolo usado na instituição.

Os dados apresentados mostram uma descontaminação eficaz e sem resíduo final de peróxido de hidrogénio, associada à ausência de degradação física e manutenção da performance dos EPI. Estes são dados objetivos relativamente à possibilidade de reutilização destes respiradores.

Ressalva-se, contudo, a posição técnica não favorável publicada por um dos maiores produtores do mesmo equipamento a 20 de março.


30 de março de 2020

Estudo: "Self-reported olfactory and taste disorders in SARS-CoV-2 patients: a cross-sectional study", Clin Infect Dis. , March 26,2020, Andrea Giacomelli et. al

Comentário: Nas últimas semanas tem sido dada maior atenção ao reconhecimento de novos sintomas provocados pela infeção pelo Sars-CoV2. Neste estudo realizado em doentes italianos pretendeu-se avaliar se existiam sintomas relativos ao olfato e paladar, tendo sido inquiridos 59 doentes internados por COVID19 no Serviço de Infeciologia de um Hospital de Milão.

Um terço dos doentes referiu queixas do olfato ou do paladar e cerca de 19% confirmou ter ambas. Verificou-se que as alterações do paladar costumam preceder as do olfato e estavam já bem instituídas na altura em que os doentes foram internados. Existe também uma maior predominância destes sintomas nas mulheres e em pacientes mais jovens.

Uma hipótese para esta ocorrência pode centrar-se no facto de que a mucosa oral também apresenta o recetor da ACE2, que já se sabe estar associado ao tropismo do vírus pelas vias aéreas inferiores.

Os autores referem que estes sintomas podem “sinalizar” mais precocemente a infeção pelo vírus, aparecendo antes dos sintomas mais comuns e reconhecidos da COVID19. Sugerem que se comece a inquirir sobre estes sintomas, principalmente quando o quadro clínico padrão é fruste.


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